Aumentou consideravelmente nos últimos tempos em São Paulo o incentivo ao uso da bicicleta, além dos já tradicionais passeios em cima de uma delas nos parcos parques da cidade. Por conta disso, apareceu bicicleta para alugar em porta de metrô, vias exclusivas em avenidas e ruas e até ciclovia na fedorenta margem do rio Pinheiros.
A intenção é ótima. Além de incentivar o uso do meio que não polui, faz com que as pessoas levem uma vida mais saudável, pedalando por aí.
Há experiências desse tipo fantásticas pelo mundo. A que conheci mais de perto foi em Amsterdam. Como tem bicicleta pelas ruas!
Mas vejo aqui em São Paulo com certa apreensão a tanto incentivo. E não somente porque alguns ciclistas morreram recentemente atropelados por veículos automotores. É que a política de trânsito na cidade é pouco educadora e muito repressora.
Multa-se por excesso de velocidade, multa-se porque se cruza a faixa sem priorizar o pedestre, multa-se porque cruzou o sinal. Está certíssimo em se fazer isso. Tem que multar mesmo.
Mas há muito mais preocupação em punir o sujeito do que educá-lo. Não à toa chamam a prática de indústria da multa, que gera mais recursos para o Estado, mas que não trás retorno visível ao cidadão no âmbito de impedi-lo de fazer barbaridades no trânsito no futuro – como colocar em risco a vida de ciclistas.
Excesso de velocidade se combate na hora que o sujeito senta no carro para dirigir. Depois já foi, a besteira está feita, colocou-se em risco a vida das pessoas - ou quando não há extinguiu. O motorista vai lá e paga a multa e acha que está sã e salvo. Quando mata porque dirigiu imprudentemente, faz cara de coitado, arruma um bom advogado e se livra da pena.
Sou a favor da entrada mais agressiva da educação do trânsito nas escolas. É também preciso enquadramento especial àqueles que adquirem seu primeiro carro. Não basta ter carteira de motorista – já está provado que somente o documento não é suficiente para comprovar habilidade e boa educação.
Deve ter aos iniciados do trânsito monitoramente mais rigoroso do que o cidadão que já dirige há mais tempo. Volta para o banco de treinamento se confundir meio de transporte com meio de colocar a sociedade em risco.
Foi pouquíssimo divulgado que as pessoas a pé têm prioridade na faixa de pedestres das ruas e avenidas. Faltou dizer isso aos motoristas com mais ênfase. A CET se comunica mal com os motoristas. Fica com o bloquinho esperando a infração.
Nunca vi abordagem educativa nesse país. Pare o cara na rua, dê um folheto de boas práticas no trânsito, explique que o local que ele está trafegando a velocidade é tal, tem ciclistas, muitas pessoas na rua...
Precisamos acabar com a arrogância do motorista de carro antes da infração. Precisamos humanizar primeiro nossas vias públicas para que passem as bicicletas.
Fonte: www.oriobranco.net | POR AUGUSTO DINIZ
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