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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Impotência Olímpica: ciclismo sem pista e sem chão

Último dia de uso do velódromo faz ruir sonho de Letícia, e prejudica ginastas e patinadores

 
Sexta-feira foi o último dia de atividade esportiva no equipamento, que será demolido menos de seis anos após o Pan-2007
 
 
Despedida: Alvimânio Silva, que integrava a equipe Livewright, dá suas últimas pedaladas na pista do Velódromo da Barra da Tijuca Foto: Jorge William / Agência O Globo
 
Despedida: Alvimânio Silva, que integrava a equipe Livewright, dá suas últimas pedaladas na pista do Velódromo da Barra da TijucaJorge William / Agência O Globo
 
RIO - Letícia, em latim, quer dizer alegria. Mas na manhã de sexta-feira, quando do último treino de ciclismo na pista do Velódromo Municipal, que faz parte do Centro de Teinamento do Time Brasil, no antigo autódromo da Barra, Letícia Sousa, de 14 anos, não escondia a tristeza por saber que a instalação, que fora utilizada nos Jogos Pan-Americanos de 2007 e servia aos treinos de ciclismo, ginástica olímpica e patinação, será demolido por decisão da prefeitura.
 
A sexta-feira foi o último dia para realizar qualquer atividade esportiva. Até o dia 25, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que administrava a instalação, terá de entregar as chaves. A partir daí, o local, que antes embalava os sonhos de tantos atletas, será posto abaixo.
o ciclismo, já foram desativadas a equipe profissional Caloi Livewright, que se firmava como a melhor de pista, e a escolinha Álvaro da Costa Ferreira, que reunia 60 crianças, na maioria de colégios públicos. Letícia permaneceu.
 
- Fiquei doída quando vi a equipe Livewright. Eu queria fazer parte dela. É triste ver tudo isso acabar, mas não vou desistir - prometeu. - Quando soube que o velódromo iria acabar, eu me desesperei e chorei muito em casa. Para mim, foi como se tivessem tirado a minha vida. O ciclismo é a minha vida. Quero me tornar profissional.
 
Ginastas vão viajar para treinar
 
Letícia não era a única a cultivar sonhos sobre duas rodas. Aluna de Relações Internacionais da UFRJ, Bruna Martins, de 19 anos, esperava ser contratada pela Livewright quando foi anunciado o fim do velódromo.
 
- Vou treinar noutros estados, porque tenho um projeto para 2016 - disse. - Estão nos tirando o velódromo no melhor momento, quando conviviam ciclismo, ginástica e patinação. As Olimpíadas serão aqui, e antes de destruírem este, deveriam fazer um outro.
 
Com a desativação do velódromo, os 15 atletas da Livewright já voltaram a seus estados. Segundo os professores Álvaro Ferreira e Antônio Ferreira, a maioria está sem emprego. Mas cinco deverão treinar na Espanha.
 
- Tínhamos tudo, e agora, não temos nada. Estamos órfãos. Perdemos a única equipe de pista de alto nível do Brasil. Era um projeto inédito, mas agora, ficamos sem chão - enfatizou Álvaro. - Vamos treinar na rua, sabendo que as bicicletas de pista (piso de madeira) não se adaptam bem ao asfalto.
 
Atleta mais velho da Livewright, Alvimânio Augusto das Chagas Silva, de 30 anos, está no ciclismo há sete, sendo há um em provas de pista:
 
- Tínhamos alojamento, remuneração, equipamento, e podíamos nos dedicar 100% ao esporte. Antes do velódromo, o ciclismo do Rio era desacreditado. Mas o projeto era um sucesso.
 
Também na manhã de sexta, no miolo da pista, treinavam ginastas do Flamengo, como Daniele e Diego Hypolito. Ficarão sem teto, até porque já haviam perdido o Ginásio Cláudio Coutinho, na Gávea, destruído por incêndio a 29 de novembro. Se antes tinham a Gávea e o Velódromo, agora nada têm.
 
Por determinação da diretoria rubro-negra, comissão técnica e atletas não podiam falar à imprensa. Entretanto, o COB e a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) já resolveram que a seleção feminina vai treinar em Três Rios, a 145km do velódromo, e a masculina em Belo Horizonte, a 455km, ou São Caetano (SP), a 464km. Para a ginástica, o COB ainda busca um terreno na Barra para o novo CT.

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