ELO 2014

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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Andar de Bicicleta é coisa de pobre

“Andar de bicicleta é coisa de pobre”. Quem nunca ouviu esta frase é porque aterrissou na Terra há poucos dias. Desde Ford e sua primeira linha de produção em série, até hoje, poucas são as situações em que o carro é menos um símbolo de status e poder do que um necessário meio de transporte. A propaganda que as empresas usam para vender estes imprescindíveis poluentes é explícita: seja o sedutor, o invejado pelos amigos, o orgulho do filho, a imagem da pessoa bem sucedida; compre o carro tal!
 
Na sociedade do consumo, onde as mercadorias possuem o preço – na maioria das ocasiões – muito superior ao custo de produção, o valor dos bens passa a ter um caráter muito mais representativo do que material.
 
Não por opção ou consciência política e ecológica, mas sim pelo reconhecido esgotamento das vias públicas que, o cartel da mídia – jornalões, TV e grandes portais -, a nata da intelligentsia intelectual e, pasmem, até alguns jurássicos políticos profissionais, começaram a atribuir valor ao uso das bicicletas.
 
Pedalar está começando (eu disse, começando!) a deixar de ser coisa de pobre. Agora são os cidadãos ecologicamente conscientes, saudáveis, os “heróis” urbanos como chegou a declarar um certo prefeito de uma intoxicada grande metrópole brasileira. Mas para o senso comum, para o cidadão que não perde tempo lendo “notícias” na frente do computador, muito menos jornal impresso e que sabe do mundo pelos filtros do Jornal Nacional; andar de bicicleta continua sim, sendo coisa de pobre.
 
Numa sociedade divida em classes a maioria sonha em conquistar um ”ranking” melhor, esta é a mola propulsora do sistema. Logo, o pré-conceito de que andar de magrela inferioriza e faz um down-grade social – maculando a arreigada posição de “crasse” C ou B -, impede que muitos que poderiam estar descongestionando as ruas e as próprias coronárias, continuem dentro dos carros e a poluir.

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