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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Quatro grandes ideias para revolucionar o transporte

Quatro grandes ideias para revolucionar o transporte

 
Nova Iorque optou pela reurbanização da Times Square bloqueando vias para os carros e aumentando o espaço dos pedestres
 
Com o final da 10ª edição do Transforming Transportation, realizado pela EMBARQ e Banco Mundial, na última semana, em Washington DC, algumas lições ficam para alavancar o transporte sustentável no momento crítico em que vivemos. Abaixo, um resumo de quatro grandes ideias discutidas durante a conferência e destacadas pelo prefeito de NY, Michael Bloomberg e o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.
 
Dois líderes do desenvolvimento urbano se reuniram, recentemente, no mesmo palco: Dr. Jim Yong Kim, e o prefeito Michael Bloomberg.
 
Kim, presidente do Banco Mundial, e Bloomberg, prefeito de Nova Iorque, participaram de um painel na conferência Transforming Transportation 2013, um evento co-organizado pelo Banco Mundial e a EMBARQ, o centro de transporte sustentável do WRI-Instituto de Recursos Mundiais. Em uma discussão moderada por Zanny Minton Beddoes, editora da The Economist, e encerrada pelo presidente do WRI, Dr. Andrew Steer, Kim e Bloomberg tocaram no ponto fundamental de como moldar o futuro do transporte urbano.
 
Foi uma dupla interessante de perspectivas. Bloomberg é um líder em negócios, governo e filantropia, que causou um enorme impacto sobre a cidade de Nova Iorque. Kim traz uma perspectiva de saúde pública e internacional, e agora, no Banco Mundial, centra-se em antecipar a meta de redução da pobreza e aumento da “prosperidade compartilhada” em todo o mundo. Apesar de suas origens diferentes, os dois compartilhavam a ideia de que o transporte sustentável vai além de veículos em movimento e infraestrutura. Na sua essência, o transporte é melhorar a saúde e a qualidade de vida para as pessoas.

Um momento crucial para o transporte sustentável

Como ambos, Kim e Bloomberg, observaram o mundo está se movendo de forma insustentável, literalmente. Cerca de 1,3 milhões de pessoas morrem a cada ano em consequência de acidentes de trânsito. Na maioria das cidades, o transporte motorizado é responsável por 80% da poluição do ar local. E com a expectativa de que 70% da população viva em cidades em 2050, esses problemas urbanos tendem a piorar.
 
Então, agora é um momento especialmente crucial para discutir o transporte sustentável. “Se você conseguir um transporte ‘verde’ correto, ele se paga em termos de economia, em termos de ambiente, e em termos de saúde e bem-estar”, disse Steer. “É uma maravilhosa relação ganha-ganha-ganha”.
 
Como “acertar”, porém, é uma questão pesada e sem respostas claras. Kim e Bloomberg lançaram algumas ideias durante a discussão no TT 2013:
 

Quatro caminhos para alavancar o transporte sustentável

1) Educar a população
 
Ajudar a população a entender como o transporte sustentável a beneficia é fundamental para gerar aceitação para sistemas de metrô, BRTs, ciclovias e outras infraestruturas, disse Bloomberg. Ele deu o exemplo de Nova Iorque, uma cidade cujas emissões de gases de efeito estufa são a metade da média nacional. A cidade mapeia os locais onde as crianças têm ataques de asma, descobrindo que a maioria coincide com locais de grandes avenidas e interestaduais. De uma maneira muito visual e atraente, essa medida mostra os benefícios que a caminhada, o ciclismo e o transporte público oferecem.
 
2) Repensar as ruas
 
“As ruas são projetadas para mover as pessoas e não, necessariamente, para mover automóveis”, disse Bloomberg. “Então você pode querer usar as suas ruas com outros meios de transporte.”
 
Bloomberg fez exatamente isso em Nova Iorque, transformando a via principal que atravessa Manhattan – da Times Square a Herald Square – em calçadas para pedestres. Embora os defensores do carro reclamassem no início, o movimento acabou beneficiando a economia local. Segundo Bloomberg, as calçadas servem como uma atração turística e impulsionam o movimento para lojas na área.
 
3) Olhar para o mundo em desenvolvimento
 
Os sistemas de transporte sustentáveis aumentam a mobilidade, mas também podem aliviar muitas questões ligadas a qualidade de vida nas nações em desenvolvimento. “Nos países mais pobres, se pudermos levar transporte limpo, eficaz e acessível não só iremos reduzir as emissões de gases de efeito estufa e engarrafamentos, mas também daremos às pessoas uma oportunidade de ter um emprego e uma vida”, disse Kim.
 
O Banco Mundial está trabalhando com a liderança de renda da China para avaliar as inovações de transporte no país e em outras nações. Kim afirmou que o Banco, então, usará essa análise para recomendar um caminho a seguir.
 
4) Compartilhar conhecimento
 
As cidades – no lugar de estados ou governos nacionais – têm, historicamente, liderado o caminho do transporte sustentável, já que o planejamento de trânsito depende das circunstâncias específicas de cada centro urbano. As cidades podem, no entanto, aprender uma com a outra e, por sua vez, ajudar a aumentar os sistemas de transporte sustentáveis em todo o mundo.
 
O Grupo de Cidades C40 de Liderança Climática, uma rede de megacidades, liderada pelo prefeito Bloomberg, promove a partilha de conhecimentos. “Sob a estrutura do C40, tentamos encontrar as coisas que cada cidade fez e ter certeza de que outros prefeitos saberão sobre elas e como elas podem ser aplicadas às suas cidades”, disse Bloomberg. (O WRI, por meio da EMBARQ, acabou de assinar um Memorando de Entendimento para trabalhar em parceria com o C40 sobre questões de transporte sustentáveis).
 
“Todo mundo olha para as cidades e diz que elas são tão complicadas, confusas, e multi-setoriais”, disse Steer. “A mudança pode vir muito mais rápido e mais fácil se você tem o tipo certo de liderança e soluções.”

O futuro do transporte sustentável

Como serão os sistemas sustentáveis de transporte urbano do futuro e se eles vão mesmo ser implementados ainda são questões incertas. Mas um ponto do evento foi absolutamente claro: os sistemas de transporte sustentáveis devem ser um componente crucial no planejamento da cidade para que tanto as pessoas como o planeta prosperem.
 
“Se as coisas forem mal, quando o meu filho de três anos tiver a minha idade, os oceanos serão 150% mais ácidos, os recifes de corais terão derretido, a pesca será completamente afetada, e todos os dias, ocorrerão lutas por alimento e água em algum lugar do mundo”, disse Kim. “Trabalhar com o transporte é parte da responsabilidade moral que temos para as cidades de hoje e para as gerações futuras”.
 

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